
Nos últimos anos, o equipamento policial — seja o fornecido institucionalmente, seja aquele adquirido individualmente pelos próprios profissionais — tem apresentado um salto significativo em qualidade, disponibilidade e tecnologia. Esse avanço traz à tona questões fundamentais: como escolher? de quem comprar? como comprar?
A resposta exige maturidade técnica e estratégica. Afinal, todo material policial deve ter como finalidade central potencializar o desempenho da função policial, isto é, garantir o uso legítimo da força — potencial ou real — de forma proporcional e adequada a cada situação.
A legitimidade nasce da escolha correta
A correta aplicação da força fortalece a legitimidade da Instituição Policial perante a sociedade. Nesse contexto, a escolha de equipamentos adequados, seja em aquisições particulares ou em compras institucionais, assume papel central.
O processo de decisão deve considerar três condicionantes:
A. Atividade – Qual a missão a ser cumprida? Quais necessidades mínimas o equipamento precisa atender?
B. Alcance da distribuição – O material será destinado a todos os policiais ou a grupos especializados?
C. Financeiro – Quais recursos estão disponíveis e qual o nível de qualidade esperado?
A interação desses elementos está diretamente vinculada ao princípio constitucional da eficiência, que deve reger as compras institucionais e pode, igualmente, ser aplicado nas aquisições individuais.



Custo, especialização e distribuição
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Quanto menor o universo de usuários e mais especializada a atividade, maior tende a ser o custo individual. Isso explica por que equipamentos de operações especiais possuem preços diferenciados.
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Por outro lado, em universos maiores e atividades generalistas, o custo unitário pode cair, mas o impacto financeiro global será maior.
É nesse equilíbrio que se encontra o verdadeiro desafio: nem sempre o equipamento mais barato é o mais eficiente. O correto é buscar o melhor custo-benefício, que une funcionalidade, qualidade e durabilidade.
Normas, qualidade e armadilhas estéticas
Um dos maiores equívocos no processo de aquisição é a falta de conhecimento sobre normas técnicas. A ausência de exigência e comprovação de conformidade com NBRs ou normas internacionais como NIJ, VPAM, TR E CAST para coletes bal´siticos, compromete a eficiência da compra e, consequentemente, a execução do serviço policial.
Aprenda sobre essas normas no artigo que escrevemos clicando aqui.
Outro ponto crítico é o design enganoso. Equipamentos que priorizam estética sem função, como bolsos costurados sem real capacidade de expansão, apenas aumentam custos de produção sem entregar valor real ao policial em operação. O design deve ser simples, funcional e objetivo.
Laudos técnicos que não são realmente interpretados de forma adequada por quem solicita são outro entrave na construção de TR de qualidade.
Eficiência nas compras institucionais
Vencida a etapa de catalogação e definição do produto ideal, a forma mais eficiente de aquisição institucional é via registro de preços, precedido por pregão eletrônico. Esse modelo garante:
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Celeridade no processo.
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Sustentabilidade nas compras, evitando estoques desnecessários.
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Redução de custos, através de lotes mínimos de aquisição e negociação direta com fornecedores.
Esse sistema se aproxima do conceito de “Just in Time”, desenvolvido pela Toyota, onde os recursos são aplicados de forma racional e estratégica.

Eficiência é legitimidade
A aquisição de equipamentos policiais deve fugir das armadilhas do “barato que sai caro” e priorizar qualidade comprovada, respeito a normas e foco na finalidade da função policial.
Cada item corretamente escolhido não é apenas um instrumento de trabalho: é um reforço da legitimidade da Instituição Policial e uma garantia da vida do policial e da população que ele jurou proteger.







